JUP – Jornal da Academia do Porto
Edição de Janeiro de 2011
Directora: Aline Flor. Director de Fotografia: Miguel Lopes Rodrigues. Chefe de Redacção: Dalila Teixeira.
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Editor-in-chief;
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Collaborator in cover feature “Tuition Fees: where does our money go?”
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Editorial
O que falta cumprir
Estes são tempos de mudança. Na Tunísia, no Egipto, as pessoas revoltam-se contra injustiças e corrupção. Mesmo sem o devido apoio vindo das democracias com que sonharam, estes povos lutam e reivindicam uma vida melhor, de liberdade e temperança. Mesmo não sabendo para onde caminham ao certo, sabem que o que não querem é estar ali.
Num filme popular um professor sussurra aos seus alunos “tornem as vossas vidas extraordinárias”. É preciso fazer coisas extraordinárias, como tunisinos e egípcios propuseram-se fazer. É quando cada um faz a sua quota de coisas extraordinárias que as grandes alterações ocorrem e é possível mudar o mundo.
Parece que ainda não aprendemos a ser extraordinários em Portugal. Já Eça de Queirós considerava que “em pequenos, temos todos uma pontinha de génio” mas que acabávamos “erguendo até aos céus o monumento da camelice”. Os que fogem a este fado, infelizmente, não ficam muito tempo por cá.
Estes são tempos de mudança. São tempos de, também aqui, abandonar-se o “deixa andar” e passar-se à acção. Com ou sem grandes revoluções, é preciso que cada um faça a sua parte para mudar o rumo do país. Para combater a corrupção que arrastou os rios de dinheiro que por cá correram, aos quais poucos viram a foz. Para acabar com a governação de batata quente, onde se atiram as culpas de uns para outros, enquanto se põe em prática medidas que não são mais do que “nados-mortos”.
É preciso acordar e fazer coisas extraordinárias. E querer que, também em Portugal, venham tempos de mudança.