Público – Reagiu ao assédio sexual e foi repreendida pela chefia. “Isto é um mundo de homens”

Reagiu ao assédio sexual e foi repreendida pela chefia. “Isto é um mundo de homens”

9 de Junho de 2019 por Aline Flor

Mais de um em cada dez trabalhadores portugueses terão sofrido assédio sexual no local de trabalho. “Estragaram-me a vida toda”, relata uma vítima a quem o processo retirou tranquilidade ao longo de dois anos. “Devia ter-lhe dito, peço desculpa pelo incómodo, pode tirar as mãos das minhas partes íntimas?”

A gota de água aconteceu há precisamente dois anos. O episódio que gerou a queixa de Sónia M. por assédio sexual ocorreu ao fim de meses de insinuações impróprias, feitas por um colega. Trabalhavam na mesma agência bancária, em Tondela, e apesar de não ser a pessoa a quem reportava hierarquicamente, era o responsável pela aprovação de um crédito à habitação que Sónia precisava que fosse revisto depois do divórcio. Ao longo de meses, entre Janeiro e Junho de 2017, sempre que perguntava como estava a análise do seu processo, o homem dava-lhe respostas como: “Já sabes o que tens de fazer.” Um dia, quando Sónia se deslocou à zona de refeições para encher uma garrafa de água, o gerente seguiu-a, agarrou-a por trás, apalpou-a na zona genital e disse-lhe: “Tenho aqui um preservativo no bolso. Vamos lá?”

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Público – Os homens também são vítimas de abuso sexual

Os homens também são vítimas de abuso sexual e há uma associação que já ajudou 146

18 de Janeiro de 2019 por Aline FlorMiguel Feraso Cabral (Ilustração)

Associação de apoio a homens vítimas de violência sexual, a Quebrar o Silêncio, funciona há dois anos e duplicou os atendimentos em 2018. Maioria das vítimas demora entre 20 a 30 anos a falar sobre os casos.

Prestes a completar 51 anos, Miguel sente que voltou à vida. Durante quase três décadas, viveu de forma “errante em todos os sentidos”. Saiu de casa dos pais aos 17 anos, aprendeu artes marciais, trabalhou como segurança na noite e a fazer “cobranças difíceis”, consumiu substâncias ilícitas, arranjou muitas confusões. Foi esta a personagem “durona” que criou para o mundo — mas o que os outros não viam era que mal conseguia “viver dentro da sua cabeça”. Até que, quando se casou e teve uma filha, a vida estável começou a ficar marcada pelo trauma que vivia dentro de si.

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Público – A escola fica muito melhor quando mostra todas as cores

A escola fica muito melhor quando mostra todas as cores

11 de Outubro de 2018 por Aline Flor

O dia do coming out, que celebra esta quinta-feira as “saídas do armário”, levou o PÚBLICO a visitar a secundária da Ramada, onde um grupo de alunos passou os últimos dias a colorir os intervalos, tornando a escola num lugar mais inclusivo. Isto na semana em que uma escola do Porto está no centro das atenções por causa de um questionário à orientação sexual.

Esta semana, na Escola Secundária da Ramada (ESR), em Odivelas, os dias começaram com mais cor nos intervalos. “Não é uma escolha, eu sou assim!”, lê-se num cartaz com um arco-íris, ao lado de outro com vários corações e com as palavras “Dia Internacional do Coming Out” e fotografias de jovens gays e lésbicas a beijarem-se.

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Público – Mutilação genital feminina: uma lei sem consequências

Mutilação genital feminina: uma lei sem consequências

9 de Setembro de 2018 por Aline Flor

Três anos depois da criação do crime, apenas um inquérito foi aberto pelo Ministério Público, arquivado sem enquadrar os factos na lei actual. Desde 2015, 11 processos foram instaurados pelas CPCJ. Desde 2014, 265 mulheres foram referenciadas pelo SNS.

Não são casos frequentes — ou pelo menos visíveis —, e talvez por isso seja difícil saber o que fazer perante eles. A mutilação genital feminina é um crime autónomo no Código Penal Português desde Setembro de 2015, com a criação do artigo 144.º-A. Sabe-se que é uma realidade em Portugal, que é realizada por norma em meninas entre os 0 e os 15 anos, nos países de origem das famílias ou mesmo em território português, e que pode ter consequências graves para a saúde e o desenvolvimento destas mulheres. Em Portugal, estima-se que 6576 mulheres e raparigas, com 15 ou mais anos, já tenham sido vítimas de mutilação genital, e ainda que 1830 meninas com menos de 15 anos já tenham sido submetidas a esta prática ou estejam em risco de o ser.

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Público – Prostituição é trabalho? “Não sei se vamos conseguir consensos, talvez tolerâncias”

Prostituição é trabalho? “Não sei se vamos conseguir consensos, talvez tolerâncias”

19 de Agosto de 2018 por Aline Flor

Reduzir riscos e garantir o acesso a direitos. A Plataforma Lisboa — Trabalho Sexual, grupo de trabalho convocado pela autarquia, começou em Abril a coordenar respostas à população, mas foi posta em causa por iniciativa de várias associações de mulheres e de partidos da oposição. O que fica por fazer enquanto a cidade debate o tabu da prostituição?

Fim de tarde no Intendente, em Lisboa. Catalina, de 21 anos, é colombiana e está em Portugal há três meses. Trabalha num apartamento com outras pessoas. Conta-nos como é a vida no trabalho de prostituição. “Há coisas de que gostas, outras menos, trabalhar horas e horas… Mas precisava de trabalho.” Na Colômbia, estava a estudar Enfermagem e por cá também pensa voltar a estudar. Mas, para já, está “à procura de outros trabalhos”. “Se estivesse legal, era mais fácil.”

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